Consumidor começa a ficar atento às informações nutricionais nas embalagens dos alimentos. E isso é uma oportunidade e tanto para seu supermercado. Foi-se a época em que seu cliente parava em frente à gôndola, retirava o produto e simplesmente o colocava dentro do carrinho. Pesquisas indicam que um novo hábito começa a surgir: o de ler os rótulos dos alimentos. Como não podia deixar de ser, por trás desse comportamento, está a crescente preocupação com a saudabilidade. Um levantamento do LatinPanel para a Abre (Associação Brasileira de Embalagens) constatou que 82% das donas de casa já leram rótulos de produtos. Desse total, 39% afirmam fazê-lo sempre. Segundo os consultores, esse é um hábito que ainda vai crescer bastante entre os consumidores. Mas isso não significa que todo mundo compreende o que lê. Um estudo feito pelo Disque Saúde, do Ministério da Saúde, apontou que apenas 38% das pessoas que fazem a leitura das embalagens entendem suas informações. Apesar de ter dois anos, o dado ainda reflete a realidade. É em que acredita Andréa Esquivel, nutricionista da consultoria Gastronomia Nutritiva. “O que as pessoas mais olham é a quantidade de calorias, a presença de açúcar e a data de validade, por desconhecerem o que cada nutriente faz pelo organismo”, diz ela.

Marcos Maluf, diretor da rede paulistana Emporium São Paulo, cinco lojas dirigidas às classes A e B, concorda. “Os consumidores até já sabem que gordura trans é prejudicial à saúde. Mas se confundem em relação aos outros tipos de gorduras”, comenta. Luciana Pellegrino, diretora executiva da Abre, afirma que as pessoas começam a entrar em contato com os serviços de atendimento das indústrias para se aprofundar nos dados nutricionais. Para facilitar a vida do consumidor, os fabricantes estão usando as áreas nobres das embalagens para ressaltar os principais benefícios dos produtos. A estratégia tem sido adotada pelos gigantes do autosserviço em suas marcas próprias com apelo à saúde. É o caso da Carrefour Viver, que mostra na frente do rótulo se o produto possui mais fibras, se é light, orgânico, entre outros benefícios. “Fazemos isso porque identificamos que o público preocupado com a saúde é muito exigente quanto a informações sobre a alimentação. É uma maneira de traduzir um pouco do que está nos dados obrigatórios dos rótulos e assim facilitar a compra”, afirma Cláudio Irie, diretor de marcas próprias da empresa. A rede mantém ainda nutricionistas em duas lojas para tirar dúvidas do consumidor. Elas atuam numa área especial, chamada Espaço Viver, que reúne alimentos e bebidas com apelo à saúde. “Uma das dúvidas mais frequentes está na diferença entre o diet, o light e o produto sem açúcar”, aponta Irie. O cliente lê a informação na embalagem, mas não sabe distinguir o que é cada segmento. O Espaço Viver está em teste em um hipermercado de Brasília e em outro de Porto Alegre.
EDUCAR O CONSUMIDOR Ideias de ações para sua loja Ajudar o consumidor a entender os rótulos pode ser uma ação interessante para sua loja. “É possível ensinar o que é, por exemplo, cada nutriente ou ingrediente citado na embalagem. Assim, o supermercado demonstra que se preocupa com o cliente”, afirma Pedro Matizonkas, professor do Núcleo de Estudos do Varejo da ESPM. Para ele, o varejista deve encarar a iniciativa como uma oportunidade de se aproximar do cliente. “O público que tem o hábito de leitura dos rótulos ainda é muito pequeno, mas os supermercadistas podem ajudar a engrossar esse grupo”, diz o especialista. Uma maneira simples de educar a clientela, na opinião de Matizonkas, é utilizar cartazetes explicando ingredientes ou nutrientes que predominam no produto. Ou ainda espalhá-los aleatoriamente pela loja com informações como “o que são fibras”, “o que é Ômega 3”, “para que servem as vitaminas e sais minerais”, entre outras. “O varejista pode fechar parceria com algum fornecedor para confeccionar um rótulo em tamanho maior e colocar algum profissional especializado ou mesmo funcionário da loja para explicar o que é cada elemento nutricional, além das quantidades ideais para o organismo”, sugere o professor. E acrescenta: “O cliente vai entender a ação como um serviço. O que é bom para a imagem da loja.” Quem também concorda que o supermercado pode ajudar a informar o público é a nutricionista Andréa Esquivel. Segundo ela, alguns supermercadistas podem concluir que ao explicar, por exemplo, o que é sódio, ácidos graxos, gorduras trans, o cliente vai deixar de comprar o alimento. “Isso é um equívoco. Ele precisa ensinar que o proibido é o excesso, e que existem quantidades corretas de consumo”, explica Andréa. Por essa razão, ela sugere ao varejista montar, com a ajuda de um especialista, um cardápio harmonizando alimentos considerados ‘vilões’ com outros que os neutralizem. Por exemplo: vender picanha assada e uma salada verde para acompanhar. “Para estimular, podese conceder desconto para quem comprar os dois pratos”, sugere Andréa. “E por que não sortear, em vez de um carro, uma consultoria com uma nutricionista que vai avaliar as refeições do cliente, sugerir mudanças na alimentação e acompanhá-lo durante um período?” Não importa quais sejam as ações, o importante é o consumidor entender que na sua loja ele encontra tudo de que precisa, inclusive informações para entender os alimentos que fazem parte da sua alimentação.
Ajude seu cliente a entender os dados nutricionais Compreender os rótulos dos alimentos não é fácil. Ajude seu cliente a entender as informações nutricionais que eles trazem. Veja a seguir algumas informações que você pode reproduzir e distribuir no supermercado. Os dados foram extraídos do Manual de Orientação aos Consumidores, elaborado pela Anvisa em parceria com a Finatec e o departamento de nutrição da Universidade de Brasília. É possível baixar o conteúdo completo pelo endereço: www.anvisa.gov.br/alimentos/rotulos/manual_consumidor.pdf
» VALOR ENERGÉTICO: é a energia produzida pelo corpo proveniente dos carboidratos, proteínas e gorduras totais. Na rotulagem nutricional o valor energético é expresso em forma de quilocalorias (kcal) e quilojoules (kJ) – essa é uma outra forma de medir o valor energético dos alimentos: 1 kcal equivale a 4,2 kJ. » CARBOIDRATOS: fornecem a energia para as células do corpo, principalmente do cérebro. São encontrados em maior quantidade em massas, arroz, açúcar, mel, pães, farinhas, tubérculos (como batata, mandioca e inhame) e doces em geral. » PROTEÍNAS: são necessárias para construção e manutenção dos órgãos, tecidos e células. Encontramos nas carnes, ovos, leites e derivados, e nas leguminosas (feijões, soja e ervilha) » GORDURAS TOTAIS: são as principais fontes de energia do corpo e ajudam na absorção das vitaminas A, D, E e K. As gorduras totais referem-se à soma de todos os tipos de gorduras encontradas em um alimento, tanto de origem animal quanto de origem vegetal. » GORDURAS SATURADAS: tipo de gordura presente em alimentos de origem animal, como carnes, toucinho, pele de frango, queijos, leite integral, requeijão, manteiga, entre outros. A ingestão dessa gordura deve ser moderado. Quando consumida em grande quantidade, pode aumentar o risco de desenvolvimento de doenças do coração. Ao encontrar no rótulo a informação Alto %VD, saiba que o alimento apresenta grande quantidade de gordura saturada em relação à necessidade diária de uma dieta de 2000 kcal. » GORDURAS TRANS OU ÁCIDOS GRAXOS TRANS: tipo de gordura encontrada em grande quantidade nos alimentos industrializados que utilizam gordura vegetal hidrogenada na preparação. Seu consumo deve ser muito reduzido, considerando que o organismo não necessita dessa gordura. Consumidoa em grandes quantidades pode aumentar o risco de desenvolvimento de doenças do coração. Não se deve consumir mais que 2 gramas de gordura trans por dia. O nome trans se deve ao tipo de ligações químicas que essa gordura apresenta. » FIBRA ALIMENTAR: está presente em diversos alimentos de origem vegetal, como frutas, hortaliças, feijões e alimentos integrais. A ingestão de fibras auxilia no funcionamento do intestino. Procure consumir alimentos com alto %VD de fibras alimentares. » SÓDIO: presente no sal de cozinha e alimentos industrializados, e deve ser consumido com moderação, uma vez que o excesso pode levar ao aumento da pressão arterial. » INFORMAÇÃO NUTRICIONAL OBRIGATÓRIA: é a tabela nutricional, que permitirá avaliar o alimento que se está consumindo. Nela é preciso constar os seguintes dados: • Porção: quantidade média do alimento que deve ser consumida, por vez, por pessoas sadias. • %Vd (valores diários): esse percentual indica quanto o produto apresenta de energia e nutrientes em relação a uma dieta de 2.000 calorias (kcal). • medida caseira: normalmente utilizada pelo consumidor para medir os alimentos, como fatia, unidade, porte, xícaras, entre outras. Fonte: Supermercado Moderno]]>

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